Cresce a preocupação da indústria com a baixa demanda

A falta de demanda interna é hoje uma das principais preocupações da indústria brasileira. De janeiro a junho, subiu 10 pontos o percentual de empresários que apontam esta como uma das maiores dificuldades do setor industrial, chegando a 41,1% dos entrevistados, de acordo com a Sondagem Industrial, divulgada na última segunda-feira (22), pela CNI – Confederação Nacional da Indústria.

“A preocupação com a falta de demanda desestimula os empresários a aumentar a produção, fazer investimentos e criar empregos, o que dificulta ainda mais a recuperação da economia”, afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo, destacando que a demanda fraca é resultado do baixo nível de atividade e do elevado desemprego.

A falta de demanda no mercado externo, que está em nono lugar no ranking dos principais problemas do setor, também está ganhando importância. O número de citações à demanda externa insuficiente alcançou 13,4%, o maior percentual desde 2015, quando começou a nova série de principais problemas da Sondagem Industrial. Em primeiro lugar no ranking está a elevada carga tributária, com 42,4% das menções (seguida da demanda interna insuficiente) e, em terceiro lugar, a falta ou o alto custo da matéria-prima.

PRODUÇÃO E EMPREGO – Com a falta de demanda, a produção industrial voltou a cair em junho frente a maio. O índice de evolução da produção está em 43,4 pontos, o menor para o mês dos últimos quatro anos, superando somente os registrados em anos de crise mais aguda, em 2014 e 2015. “Ou seja, a queda de junho de 2019 foi mais forte que a observada nos últimos anos”, afirma a pesquisa.

O emprego também caiu. O índice de evolução do número de empregados ficou em 47,2 pontos em junho, inferior ao registrado em junho nos dois últimos anos. A utilização da capacidade instalada também diminuiu para 66% em junho. “O percentual é 5 pontos percentuais inferior à média para o mês, considerando o período entre 2011 e 2014, antes da crise recente”, destacam os autores da pesquisa.

EXPECTATIVAS POSITIVAS – Mesmo assim, as perspectivas são otimistas. Os índices de expectativas continuam acima dos 50 pontos, mostrando que os empresários esperam o aumento da demanda, das compras de matérias-primas, do número de empregados e das exportações nos próximos seis meses.

O índice de intenção de investimentos ficou estável, em 52,4 pontos. “O indicador é 3 pontos maior que o registrado em junho de 2018 e 3,3 pontos superior à média histórica”, observa a pesquisa.

(*) As entrevistas para esta edição da Sondagem Industrial foram feitas entre 1º e 11 de junho com 1.903 empresas. Dessas, 770 são pequenas, 695 são médias e 438 são de grande porte.

 

Fonte: www.usinagem-brasil.com.br